
#1 Indústria do Anime
Animes e mangás de grande qualidade são produzidos ao se observar pessoas reais em ação. Esse não é o caso hoje porque a indústria está cheia de otakus.
#2 Retratação de Personagens Femininas
Agora tem muita gente que desavergonhadamente retrata heroínas como se eles quisessem que as garotas fossem animais de estimação.
#3 Sobre os contrastes em Mononoke Hime
Não dá para se ter um final feliz em uma briga entre deuses enfurecidos e humanos. Porém, mesmo no meio do ódio e de matanças, existem coisas pelas quais vale a pena viver. Um encontro maravilhoso ou uma coisa bonita podem existir. Nós retratamos o ódio, mas é para mostrar que existem coisas mais importantes. Nós retratamos uma maldição para mostrar a alegria da liberação. O que nós buscamos retratar é como o garoto entende a garota, e o processo no qual a garota abre o seu coração para o garoto. No final, a garota vai dizer para o garoto: “Eu te amo, Ashitaka, mas não posso perdoar os humanos.” Sorrindo, o garoto deve dizer: “Tudo bem. Fique comigo.
#4 Auto-aceitação e Ativismo
Eu aprendi a aceitar o fato de que eu posso ser útil apenas numa área na minha proximidade imediata, digamos um raio de 30 metros ou, no máximo 100 metros. Eu passei a aceitar as minhas próprias limitações. No passado, eu costumava me sentir obrigado a fazer algo pela humanidade. Mas eu mudei bastante com o passar dos anos. Houve um tempo em que me envolvi com o movimento socialista, mas eu devo dizer que era bastante ingênuo. Quando eu vi um retrato do Mao Tse-tung pela primeira vez, achei a cara dele revoltante. Mas todo mundo me dizia que ele era “um grande e bom homem”, então eu tentei pensar que era só um retrato ruim. Eu deveria ter confiado na minha intuição. Essa não foi certamente a única vez em que fiz uma decisão ruim. Eu ainda sou um homem de muitos erros.
#5 Motivação Artística
Minha base é: eu quero enviar uma mensagem de encorajamento para todos os que estão vagando sem objetivo na vida.
#6 Retratar o Pulso da Vida
Tenho o desejo de criar uma maneira de correr emocionante que comunique alegria. Um personagem cheio de vida andando com os seus pés no chão sólido, seu estado emocional expresso pela maneira com que ela anda e, com o seu andar, comunicar a sensação que ele tem ao subir a ladeira – isso é fundamental. Ser capaz de mostrar maneiras maravilhosas de correr, um correr que expressa o próprio ato de viver, o pulso da vida na tela – isso me daria um enorme prazer.
#7 O Esquecimento da Infância
Eu acredito que as almas da crianças são herdeiras de uma memória histórica das gerações anteriores. Acontece que, à medida que elas crescem e experenciam o cotidiano comum, essa memória vai cada vez mais para o fundo. Eu sinto que preciso fazer um filme que alcance esse nível. Se eu pudesse fazer isso, morreria feliz.
#8 Medo da Morte
Eu fico apavorado com a morte quando estou num estado mental negativo. Mas o pensamento na morte cessa quando eu me torno produtivo.
#9 O Que Ele Quer Comunicar?
Ao meu ver, criar animações significa criar um mundo ficcional. Esse mundo acalma o espírito dos que estão desanimados e exaustos de lidar com os limites extremos da realidade, ou aqueles que estão sofrendo de uma distorção míope das suas emoções. Quando o público está assistindo a uma animação, ele está apto a se sentir leve e alegre ou purificado e renovado.
#10 Tempo e Espaço
Ao torcer o tempo e o espaço, se torna possível criar um mundo mais fantástico e mágico.
#11 Papel dos Meninos nas Animações
Porque tem tantas mulheres fortes agora, acho que talvez eu devesse começar a fazer filmes sobre homens para encorajá-los. Mas o papel do menino e o papel da menina são diferentes. Em Ponyo, o menino Sasuke faz uma promessa a Ponyo de que ele iria protegê-la e ele enfrenta muitos desafios. Eu acho que é muito importante manter as promessas. Fazer promessas e cumpri-las.
#12 O Personagem Totoro
Eu acho que a natureza está além do nosso entendimento. Quando desenhamos animais, desenhamos seus olhos de modo que podemos entender o que eles sentem, mas quando concebi Totoro, falei para os animadores que era para fazer ele de modo que não desse para saber se ele é inteligente ou estúpido, se ele está pensando em algo muito profundo ou se não está pensando em nada.
#13 Japão Tradicional
Quando eu falo sobre tradições, eu não estou falando sobre templos, que nós pegamos da China de qualquer jeito. Existe um Japão indígena, e os elementos dele é que estou tentando capturar no meu trabalho.
#14 O Mal
A ideia de retratar o mal e então destruí-lo – eu sei que isso é considerado o padrão, mas eu acho decadente. Essa ideia de que quando algo mau ocorre alguém em particular deve ser culpado e punido é, tanto na vida quanto na política, inútil.
#15 Os Desastres Naturais nos Seus Filmes
Eu prefiro olhar desastres por outro ponto de vista. Quando acontece um desastre, as pessoas ajudam umas às outras e se tornam boas. E depois de uma chuva assim as plantas da floresta ficam mais saudáveis.
#16 Respeito à Natureza
Nós precisamos de cortesia em relação à água, às montanhas, ao ar, a todos os seres vivos. Nós não devemos pedir, pelo contrário, nós mesmos devemos dar cortesia a eles. Eu acredito na existência de um período quando a força das florestas era muito mais forte do que a nossa força. Tem algo faltando na nossa atitude em relação à natureza.
#17 Trabalhar é Pensar Constantemente
Um trabalho pode ser uma obra-prima ou… algo mais modesto, mas eu percebi que todos eles se originam do mesmo lugar – um ambiente onde as pessoas estão constantemente pensando e repensando suas próprias ideias. Ou seja, nós não simplesmente relaxamos e aguardamos que as ideias venham, ao contrário do que as pessoas podem pensar.
#18 Miyazaki é fã de Rashomon, do Kurosawa
Para mim, os filmes que ficam na minha cabeça não são os que me deixam pra cima, mas os que retratam as verdades da sobrevivência.
Fontes:
Hayao Miyazaki in Conversation with Roland Kelts – Youtube
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